sábado, 6 de agosto de 2011

Parapsicologia e Dualismo Radical


Do blog Parapsi..

fonte ORIGINAL: Parapsychology and Radical Dualism


por John Beloff
26ª Convenção anual da Parapsychological Association realizada na Fairleigh Dickinson University em Madison, New Jersey, agosto de 1983.

Resumo

Tendo num artigo anterior fornecido as minhas razões para duvidar se existiria uma explicação física para psi, eu agora começo a estudar novamente o tema neste artigo e a discuti-lo, visto que ele descarta o fisicalismo - a doutrina que todo evento real deve ter uma explicação física - a existência de psi, se ela existir, deixa-nos sem opção viável, exceto o dualismo radical - a doutrina que o domínio da mente é radicalmente diferente daquele da matéria.

* * *

Por "dualismo radical" falo da visão que a mente e a matéria denotam domínios distintos de natureza que, não obstante, interagem reciprocamente em certos pontos críticos. Eu uso este termo, de preferência, para o mais familiar "Dualismo Cartesiano" a fim de evitar aquelas críticas ou má-interpretações que podem estar presas a própria formulação do problema de Descartes.

O dualismo radical, deste modo, está em oposição à visão de que a mente não é mais do que um aspecto, uma função ou um atributo de certa atividade cerebral. Nesta última posição, enquanto os conceitos mentais podem bem ser necessários, se nós estivermos conversando sobre intelegibilidade de nossas próprias experiências e comportamentos (ou dos outros), os conceitos mentais podem não ter nenhuma força explicativa, visto que tudo que fazemos, dizemos ou pensamos são, no final das contas, dependentes dos estados cerebrais concebidos como um sistema puramente físico.

Nós podemos chamar esta posição de fisicalista, pois é baseada na idéia de que toda explicação, em último caso, repousa nas Leis da Física, e é, indiscutivelmente, a posição ortodoxa sobre a relação mente-cérebro na atualidade em neurofisiologia, psiquiatria, psicologia experimental e, até, na filosofia da mente, seja qual for o país de língua inglesa. Esta posição deve ser diferenciada do materialismo puro, este é a idéia de que não existe nenhuma dessas coisas como mente ou que processos mentais são redutíveis, sem deixar vestígios, aos processos físico ou comportamental.

O materialismo puro é, sustento eu, um erro filosófico, e assim não chega nem mesmo a ser uma alternativa autêntica. A escolha, como a entendo, está entre o dualismo radical e as formas mais fracas de dualismo as quais apenas negam qualquer autonomia do componente mental do organismo psicofísico. Igual ao idealismo, a idéia de que só a mente existe, que é a única outra opção monista, apesar de ser logicamente inexpugnável, é tão fantástico que existem hoje poucos idealistas explícitos, embora, como veremos, ele suporta um bom tratamento no pensamento corrente no que se refere à interpretação da Física moderna.

A tese que vou tentar defender neste artigo é que, se admitirmos a existência dos fenômenos psi, a posição fisicalista ortodoxa se torna muito difícil de ser sustentada e o dualismo radical então se torna a alternativa mais plausível. Contrariamente, se nós rejeitarmos ou ignorarmos a existência dos fenômenos psi, então, ainda poderão existir boas razões filosóficas para se duvidar da verdade do fisicalismo, embora percamos as únicas bases empíricas que temos para desafiar a posição "ortodoxa".

Isto é importante porque o fisicalismo alega representar o ponto de vista científico e delinear o suporte dos avanços na fisiologia cerebral e na inteligência artificial, considerando que o dualismo radical aparenta, por contraste, ser tão antiquado, não-científico e estéril. Minha tese não é, claro, nova. Pelo contrário, ciente de sua existência, uma das mais poderosas reivindicações da pesquisa psíquica era justamente a possibilidade de se justificar a autonomia da mente em oposição àquilo que parecia ser ensino da ciência. Não obstante, ela é uma tese que é constantemente contestada, e não menos pelos críticos que são parapsicólogos ativos.

Eu não faço nenhuma apologia, conseqüentemente reescrevo o caso para o dualismo radical a minha maneira, dada a realidade de psi. Obviamente, no espaço disponível, espero contestar todas as possíveis objeções que puderam ser trazidas contra minha tese, mas tenho esperanças em delinear atenção aos principais argumentos a favor dela.

O ponto crucial do argumento é o seguinte. Para minha tese ser falsa, nós teríamos que mostrar ou:

(a) que o fisicalismo poderia sobreviver ao reconhecimento dos fenômenos psi.

ou:

(b) que tais fenômenos, afinal, não envolvem quaisquer forças ou funções mentais especiais, conseqüentemente a existência deles, seja o que for o que eles implique, não fornece nenhum suporte para a doutrina do dualismo radical.

Conseqüentemente, se nem a proposição (a) e nem (b) podem ser apoiadas, minha tese permanece.

Vamos começar, então, com a proposição (a).

Aqueles que estudam o cérebro irão, creio eu, concordar que nada que aprendamos sobre o cérebro nos levaria a pensar que ele poderia ser capaz de cognição paranormal (ESP) ou de ação paranormal (PK). Por exemplo, enquanto muitos processos cognitivos já podem ser simulados usando-se um computador adequadamente programado, nós, obviamente, nem sequer saberíamos começar a idealizar como programar um computador para exibir ESP. Agora se poderia, é claro, argumentar que esta limitação é devida inteiramente ao estado rudimentar da neurociência existente.

Porém, eu proponho mostrar que esta limitação segue inevitavelmente das considerações mais fundamentais. Para fazer meu ponto, eu devo discutir o caso da telepatia, visto que, de todas as variedades dos fenômenos psi, amplamente se acredita que a telepatia deveria ser a mais condescendente para uma interpretação fisicalista. Em todos os eventos para se discutir precognição ou PK, neste contexto, apenas se comporia as dificuldades que o fisicalismo enfrentaria. Se, então, nós achamos que nem mesmo telepatia pode ser entendida em termos de atividades cerebrais, podemos nos sentir mais confiantes que o mesmo é verdade a fortiori para as outras manifestações de psi.

Vamos começar, então, ao se perguntar como, em comunicação normal, uma idéia na mente de A é transportada para a mente de B? Para esta pergunta a resposta não é duvidosa: isso é feito por meio da linguagem. A idéia é primeiramente expressa em alguma forma lingüística por A, usando um idioma que é tanto familiar para A quanto para B, os sinais são então percebidos propriamente por B que os interpreta como expressões da idéia original.

Vamos depois perguntar o que teria que haver se a comunicação telepática dependesse igualmente da transmissão de sinais físicos de algum tipo? Nós poderíamos imaginar que a idéia, adequadamente codificada no cérebro de A, foi de alguma maneira capaz de modular radiação que emana do cérebro de A que no tempo devido foi captada pelo cérebro de B onde foi propriamente processada e decodificada. Entretanto, a pergunta inevitável apresenta-se: como B conseguiu decodificar corretamente os sinais telepáticos relevantes?

Talvez B inatamente saberia o código apropriado ou ele, em alguma fase de seu desenvolvimento, aprendeu o código? Quaisquer das respostas reduz uma absurdidade. Como o cérebro poderia ser inatamente programado para reconhecer o equivalente codificado de alguma idéia que poderia surgir em uma mente ou cérebro de outra pessoa? E se a idéia em questão foi alguma criação humana que não existe no ambiente natural, como, neste caso, a evolução poderia ter equipado nossos cérebros para responder a tal conceito?

Obviamente o código telepático teria que ser adquirido da mesma maneira que adquirimos o conhecimento de nosso idioma nativo. Entretanto, quando, onde e como este conhecimento é adquirido? É necessário colocar esta pergunta a fim de se entender que tal aquisição, a qual em nenhum momento ficamos cientes, seria uma absurda ficção.

Além disso, ainda que assumíssemos que, em telepatia, não são as idéias, mas as palavras que são transmitidas (o que implicaria, incidentemente, que a telepatia nunca funcionaria através de uma linguagem diferenciada, uma vez que não entendemos nada mais perto para uma explicação). Para as letras ou fonemas codificados no cérebro de A serem transferidos para o cérebro de B, uma vez mais, nós teríamos que decidir se o cérebro de B era inatamente programado para reconhecer o equivalente codificado destes sinais lingüísticos ou se o cérebro deB adquiriu a capacidade de decodificá-los no curso de seu desenvolvimento e, assim, nós chegamos num impasse.

Uma objeção que poderia ser levantada neste momento - e eu estou em dívidas com Michael Thalbourne por trazê-la para mim - é a seguinte. Vamos supor que aquilo que está envolvido na comunicação telepática não é qualquer tipo de operação semântica, mas sim a transmissão de uma imagem, uma forma ou pode ser uma sensação. Afinal, muitos experimentos ESP sugerem que aquilo que é apreendido não é qualquer tipo de idéia conceitual, mas algum aspecto puramente formal da imagem ou cena alvos.

Vamos supor que A esteja pensando sobre ou olhando uma maçã. Como resultado disso, certos centros sensórios do córtex de A são excitados e estes poderiam ativar uma espécie de ressonância que então serviria para ativar centros sensórios correspondentes no córtex de B de forma que B se tornaria ciente de algo redondo e verde em seu imaginário visual.

Nós talvez poderíamos invocar a ressonância mórfica de Sheldrake como o mecanismo responsável. Isto não pode ser o tipo de física que um fisicalista daria boas-vindas, mas nós podemos deixá-la passar. Agora, porém, uma pergunta diferente nos pressiona: Como B é capaz de ressonar com o cérebro de A no lugar dos cérebros de C ou D ou, de fato, com o cérebro de qualquer outro vivo?

Certamente nada no conceito de Sheldrake sobre ressonância mórfica sugere uma resposta. Pelo contrário, a visão inteira da teoria de aprendizagem de Sheldrake é que as mudanças ocorridas num cérebro automaticamente facilita um aprendizado semelhante em todos os outros cérebros da mesma espécie, independente do tempo e do lugar.

Então, a menos que algum mecanismo pudesse ser sugerido para explicar o tipo de seletividade que a telepatia exigiria, nós não temos nenhum vislumbre de uma teoria física sustentável. Não existe, por exemplo, nada na situação que pudesse corresponder aos mecanismos de sintonia pelos quais um receptor de rádio capta a banda e o sinal aproximados de um canal específico de transmissão, o evidente fator na analogia da comunicação sensória claramente seria inaplicável no caso da telepatia.

As possibilidades de uma teoria física iriam melhorar se nós tomássemos a clarividência como o fenômeno crítico, no lugar da telepatia? Nós iríamos lidar no mínimo com um cérebro singular, um que presumivelmente teria de ser dotado com algum sistema de radar. As dificuldades aqui são de diversas maneiras. Ainda que a energia requerida estivesse disponível para operar tal sistema, ele somente funcionaria se o mapeamento irradiado pudesse ser adequadamente modulado pelo objeto alvo de tal modo que o sinal refletido pudesse então ser decodificado no cérebro do sujeito. Todavia, o único modo de esclarecer o que estaria envolvido é se tomássemos literalmente a analogia do radar para compreender o quão irrelevante ela é para o caso do teste padrão de clarividência onde está se lidando com fotografias ou símbolos dentro de envelopes.

Alguém de vocês pode, neste momento, sentir que eu já gastei muito tempo criticando um modelo de comunicação ESP considerando o quão poucos Parapsicólogos ainda o leva seriamente. Aqueles que ainda estão tentando achar uma teoria física de ESP tendem, hoje em dia, a orientarem-se para uma teoria quântica a fim de assinalar o caminho.

No nível subatômico, nós encontramos muitos fenômenos estranhos que fornecem contrapartes para os fenômenos que no nível macroscópico seriam julgados como paranormal, por exemplo, a propriedade conhecida como "não-localidade" que parece governar o comportamento de duas partículas as quais, embora não estão mais em contato, permanecem num estado correlacionado. ESP poderia exemplificar este princípio de não-localidade?

Mas a teoria mais compreensiva e desenvolvida de psi para tomar a teoria quântica como ponto de partida é a denominada teoria observacional. Ela é baseada na suposição que todo sistema físico persiste num estado de indeterminação até o momento em que ele for observado e então se tornar determinado. Tudo que nós podemos saber sobre tal sistema antes da intervenção de um observador é a distribuição de probabilidades com respeito aos possíveis valores que o sistema pode assumir quando for observado.

Se, então, permitimos a nosso observador o poder de influenciar aquela distribuição em uma certa direção, nós temos tudo aquilo, em princípio, que precisamos para responder por aqueles efeitos não-randômicos que identificamos como um efeito psi. Então tal observador é considerado representar uma fonte psi.

Se a teoria observacional é científica ou até logicamente sonora, se, como alguns críticos alegam, ela gera paradoxos insolúveis, se ele deriva de um erro interpretativo da teoria quântica, originando-se de uma metafísica idealista, todos são ainda assuntos de feroz controvérsia que talvez seja melhor deixar os peritos solucionarem. A questão que temos que considerar para nosso propósito presente é, se, considerando tal teoria legítima, ela forneceria uma explicação fisicalista para os fenômenos psi? Para responder a esta pergunta, nos será útil, primeiramente, perguntar o que exatamente nós somos, a fim de se entender o conceito chave de "observação"? Fazer uma observação necessariamente implica conhecimento consciente?

Ou, a observação pode ser executada por algum instrumento apropriado de registro, o qual podemos, neste contexto, incluir o próprio cérebro? Se a consciência é essencial - e os físicos, eu posso dizer, parecem estar muito divididos sobre o assunto na teoria quântica - então se segue que existe pelo menos uma função mental, qual seja, a percepção consciente, que possuiria um poder que não é propriamente do cérebro, que é o poder para produzir PK retroativa. E isto contradiz a tese do fisicalismo.

A tentativa de atribuir um significado físico para a consciência ao chamá-la de variável escondida (o que quer que seja que isso possa significar neste contexto) como E.H. Walker fez, parece-me implorar muitas questões para salvar a situação a favor do fisicalismo. Se, por outro lado, a consciência não é essencial, então ficamos sem qualquer explicação a respeito do que está nos cérebros que poderia fazê-los potenciais fontes psi. E, sem ao menos alguma indicação vaga de como a atividade cerebral poderia produzir PK retroativa, nada na teoria observacional emprestaria qualquer suporte para a tese fisicalista.

O colapso do fisicalismo que inevitavelmente deve seguir ao reconhecimento dos fenômenos psi não iria, porém, ser suficiente para estabelecer o dualismo radical, a menos que nós possamos mostrar que tais fenômenos são definitivamente atribuíveis à mente. Na atualidade existem vários modelos de psi que desafiam o que foi chamado de "paradigma psicobiológico". Eu tenho espaço aqui para considerar apenas dois (modelos) que acredito serem os mais influentes.

De acordo com uma escola de pensamento, que eu gosto de chamar Flewismo, em honra de seu articulador mais expoente, o filósofo inglês Antony Flew, nada de importância filosófica seguiria da mera existência dos fenômenos paranormais, a fortiori, nada de relevante para o problema mente-corpo. O argumento principal para o que isso apela é que paranormalidade apenas pode ser definida em condições negativas, em outras palavras é, justamente, o inexplicável dos fenômenos que os torna de interesse para o parapsicólogo. Mas, dessas características puramente negativas, nós não podemos esperar sair qualquer concepção positiva, na medida que isso nos levaria a chamá-las de manifestações da mente. Um argumento secundário destaca o caráter caprichoso e a imprevisibilidade dos fenômenos que os fazem muito diferentes das manifestações de qualquer outra conhecida habilidade ou destreza mental.

Flewismo tem uma plausibilidade superficial, especialmente para aqueles de visão positivística sobre a mente. O escore extra-acaso, como algumas vezes é chamado, é exatamente escore extra-acaso e nós não temos nenhum direito em extrapolar sobre tais anomalias estatísticas ao dignificá-las com conceitos como ESP.

Esta visão, porém, peca em alguns pontos cruciais. Eu tentarei ilustrar o que quero dizer com a ajuda de uma analogia. Do fato que alguém tenha sido oficialmente designado como um "estrangeiro", não segue que essa pessoa está sem identidade étnica. O que decorre é que, do ponto de vista científico oficial, é necessário que a paranormalidade seja definida em condições negativas em primeiro lugar e tratada como a descoberta pendente de uma anomalia relativa à natureza básica dos fenômenos em questão.

O argumento subsidiário dos Flewistas não faz melhor. A bem da verdade, é claro, que aqueles que são creditados com habilidade psi parecem ter pouco controle preciso sobre as manifestações dela. Mas psi não é, de modo algum, única a este respeito entre as potencialidades conhecidas das habilidades humanas. Nós temos muito pouco controle sobre nossas ocasionais intuições ou nossas inspirações criativas e nenhum sobre nossa habilidade de sonhar. Estes são todos aspectos vitais de nossa atividade mental, mas eles estão largamente à mercê de nosso inconsciente.

Realmente, poderia ser menos enganoso, se nos referíssemos a psi como um dom pessoal no lugar de uma habilidade, uma vez que a última pode sugerir destreza e performance, mas isto está muito longe de dizer que ela não é uma propriedade da mente.

Além disso, se deixarmos de lado o fato que esta suposta habilidade é, no estado existente do conhecimento, nem controlável nem treinável, nós encontraremos abundante evidência na literatura parapsicológica que se comporta muito igual a qualquer outra variável psicológica. Deste modo, descobrimos que existem marcantes diferenças individuais, que a performance é altamente sensível às condições e à atmosfera psicológica predominante e nós descobrimos, acima de tudo, que isso mostra, em algum grau, o sinal incessante de atividade mental genuína, inteligência e propósito. Este último ponto é verdade até mesmo nos testes rotineiros de laboratório os quais são considerados, de alguma forma, manifestações deficientes da faculdade psi.

A outra principal escola de pensamento que eu devo discutir nesta conexão é a que pega uma visão a-causal dos fenômenos psi. Ela argumenta para que rejeitemos a visão do bom senso de que deve haver uma conexão causal, diga-se, entre a escolha do alvo ESP e a bem sucedida resposta ESP ou entre instruir o sujeito a almejar um certo efeito de PK e a produção deste efeito. Tal causação, insiste, teria que ser essencialmente mágica. Nós devíamos reconhecer, no lugar dela, que a relação em questão é estritamente coincidente.

Mas a coincidência, neste caso, não é, como um cético concluiria, um mero acidente, mas algo repleto de profundo significado psicológico. Sob a rubrica de "sincronicidade", os fenômenos psi são, deste modo, a um golpe, tirados da arena da atividade mental e transferidos para um reino de que se pode apenas chamar de "destino cósmico". A astrologia e os vários rituais de profecia envolvem semelhantes significados, mas as correspondências a-causais ali assumidas são de alguma maneira embutidas na rede de nossas vidas pessoais.

Como exposto por Jung ou Koestler é uma idéia sedutora, mas ela fornece uma teoria viável e completa para psi? Como Bob Brier assinalou recentemente ao revisar um novo livro sobre precognição, a sincronicidade não é nem uma explicação dos fenômenos nem uma re-descrição da perplexidade que eles provocam e Flew assinalou corretamente que nós não conversamos sobre algo está sendo uma coincidência, salvo se conjunção em questão tem algum significado psicológico subjetivo para nós. Assim, não é tão fácil dizer sobre o que exatamente acrescentamos a um relato sobre um dado fenômeno psi ao chamá-lo de um exemplo de sincronicidade.

O mais próximo que eu posso chegar para entender este conceito é pegar uma analogia literária. As coincidências são bem comuns nos trabalhos de ficção porque elas são deliberadamente postas lá pelo autor em razão do enredo. Para falar sobre coincidências significativas na vida real é tratar a vida como uma espécie de drama cósmico com a implicação que estes incidentes são pré-arranjados por qualquer agente que nós acreditamos ser responsável.

Quando Descartes primeiramente apresentou a doutrina do dualismo radical no século XVII, muitos metafísicos contemporâneos declararam que era inconcebível como duas entidades discrepantes, como a mente e o corpo, poderiam interagir. Conseqüentemente alguém, como Leibniz, sugeriu a idéia de uma harmonia pré-estabelecida; a mente e o corpo não interagem, mas os eventos são beneficamente pré-arranjados de forma que sempre que eu executo um ato de vontade meus braços se movem de modo apropriado e, semelhantemente, sempre que meus órgãos dos sentidos são propriamente estimulados, eu experimento as sensações apropriadas. Sincronicidade estende a idéia de uma harmonia pré-estabelecida para o caso dos fenômenos psi, e isso me soa não menos implausível nas suposições que devem ser feitas. Em ambos os casos, isso é o mais simples para supor que uma relação causal está, realmente, envolvida.

Isso conclui minha abordagem, e assim prosseguirei a resumir. A tese que apresento é que, se aceitarmos a evidência parapsicológica, nós devemos abandonar o fisicalismo. O fisicalismo pode ser compatível com a atividade mental normal, mas não com a atividade mental paranormal. A razão é que toda tentativa em responder aos fenômenos psi em termos de atividade cerebral inevitavelmente falha. No caso de um modelo quebrado de comunicação física, não é como freqüentemente é suposto, que nós não conhecemos qualquer radiação adequada que pudesse agir como a portadora das informações, mas sim porque não existe nenhum meio concebível pelo qual a mensagem pudesse ser codificada na fonte e decodificada no receptor final. A tentativa de superar esta objeção ao se apelar para algum tipo de ressonância mórfica unindo um cérebro ao outro é inútil, salvo a existência de algum princípio que responderia pela seletividade que está envolvida.

Recorrer à física quântica e à teoria observacional não nos aproximou da meta de uma explicação física, seja para o que for que tenhamos que invocar a consciência, a qual não é, de nenhuma maneira, uma variável física, ou nós simplesmente teremos de atribuir a capacidade psi ao cérebro sem qualquer indicação do porquê a atividade cerebral deveria ter esta conseqüência. Tendo deste modo mostrado que o fisicalismo não pode funcionar, uma vez que os fenômenos psi sejam admitidos, a pergunta então emergida se concerne sobre se tais fenômenos devem ser necessariamente atribuídos à mente. Nós discutimos duas posições alternativas:

(a) que tais fenômenos poderiam ser anomalias puras e independentes da natureza, triviais soluços num cosmo organizado de outra maneira.

ou:

(b) que eles poderiam ser devidos a uma combinação a-causal de eventos, como o que ocorre na idéia de "sincronicidade", a exemplo de algum básico princípio além do espaço, do tempo e da causação. Visto que nenhuma destas posições poderia oferecer uma resposta plausível sobre psi, nós concluímos que o dualismo radical é a alternativa óbvia para o fisicalismo reconhecer como verdade a existência de psi.

NOTA MISERÁVEL DESTE BLOGGER:

Se de fato somos convictos que nossa existência não está limitada ao "aqui-e-agora", e que somos mais do que carne e sangue, temos que averiguar, e quando necessário, admitir, TODAS as implicações deste fato.

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