segunda-feira, 11 de abril de 2011

O Status Científico da Parapsicologia ( 4ª parte )

Visão Remota, ou visão à distância, é o nome dado à técnica de pesquisa parapsicológica em que uma pessoa, o emissor, tenta obter informações de uma localidade distante dele. Em outras palavras, o emissor tenta conhecer a realidade física distante dele por clarividência. Essa técnica foi idealizada nos anos 70 por dois físicos, Russell Targ e Harold Puthoff, no Stanford Research International. (Targ e Puthoff, 1977) A técnica clássica consistia em que o emissor tentasse descrever o lugar em que uma outra pessoa, o emissor, estava. O local era escolhido de forma aleatória, quando o emissor estava distante do receptor.
Recentemente, os noticiários de todo mundo informaram que o governo americano gastou cerca de vinte milhões de dólares subvencionando pesquisas de visão remota, tendo em vista as possibilidades de aplicação militar. O programa, conhecido como Star Gate, foi realizado durante vinte e quatro anos, primeiramente com subvenção ao grupo do Stanford Research Institute International e, posteriormente, ao grupo do SAIC - Sciences Applications International Corporation, dirigido pelo Dr. Edwin C. May.
As notícias vieram a público porque o congresso americano estava discutindo as destinações de verbas para o ano fiscal de 1995. O congresso orientou a CIA - Central Inteligence Action, para revisar os resultados dos vinte e quatro anos de pesquisa do Star Gate com a finalidade de reconhecer o real valor e pertinência dessas pesquisas. A CIA se uniu ao American Institute for Research (AIR) para realizar tal análise. Foram convidados especialistas de reconhecida competência em suas especialidades para compor um painel de discussões. O Prof. Ray Hyman foi convidado, além da estatística e parapsicóloga, Profa. Jessica Utts, da Universidade da Califórnia, Davis, dos doutores Michel Munford e Andrew Rose do American Institute Research. O Dr. David Goslin, presidente do AIR, coordenou o painel.
A investigação da AIR, subvencionada pela CIA, concluiu que "efeitos laboratoriais estatisticamente significativos foram demonstrados, mas que serão necessárias mais replicações". Hyman e Utts escreveram revisões separadas que foram incluídas no relatório da AIR.
Pediu-se ao Dr. Hyman que utilizasse o mesmo material usado pela Dra. Utts em sua análise. Entretanto, ele apenas fez um comentário sobre a análise que a Dra. Utts fez a respeito desse material. O Dr. Hyman concluiu que
"o efeito de tamanho relatado nos experimentos do SAIC eram muito grandes e consistentes para serem desprezados como sendo um resultado acidental". (Hyman, 1995 p. 12)
Hyman, entretanto, afirmou que tal efeito matemático não seria suficiente para justificar a conclusão de demonstração da existência de processos anômalos de conhecimento. Sustentou, ainda, que ele não tinha segurança de que problemas metodológicos haviam sido eliminados e que os resultados obtidos pelo SAIC correspondiam aos resultados obtidos por outros centros parapsicológicos. (Hyman, 1995, p. 14)
A conclusão da Profa. Utts foi assim resumida:
"Usando os padrões empregados em qualquer outra ciência, concluiu-se que o funcionamento parapsicológico foi bem demonstrado. Os resultados estatísticos dos estudos examinados apresentam resultados distantes dos esperados pelo acaso. Os argumentos de que os resultados poderiam ser obtidos por erros metodológicos nos experimentos foram fortemente refutados. Efeitos de semelhante magnitude àqueles encontrados nos programas do SRI e do SAIC, subsidiados pelo governo, têm sido encontrados em muitos laboratórios pelo mundo. Tal consistência não pode ser prontamente explicada por alegações de erros ou fraude". (Utts, 1995, p. 15)
Os debates entre parapsicólogos e críticos exemplificados acima refletem parte da luta travada pelos parapsicólogos para a aceitação da Parapsicologia como ciência. Entretanto, como foi visto, os argumentos dos críticos sempre levantam a possibilidade de que algum ato de incompetência dos parapsicólogos poderia ser responsável pelos resultados positivos das pesquisas parapsicológicas. A alegação de que erros metodológicos poderiam ser responsabilizados levou os parapsicólogos a revisar suas situações experimentais e a incluir, muitas vezes, a presença de observadores críticos. Mas não há como responder a críticas do tipo "sempre pode haver uma fraude". Argumentos como este demonstram que a verdadeira posição do crítico é: "não pode haver um fenômeno como esse". Alguns críticos até chegam a fazer tal afirmação. (Alcock, 1981) Muitas vezes, o esforço do crítico em tornar sua crítica objetiva pode ser compreendido como uma forma de defesa contra a percepção de um elemento absolutamente irracional presente em sua análise. Ao invés de reconhecer a irracionalidade de seu argumento, acusa de irracionalidade os dados das pesquisas.
Se esta análise está correta, devem existir motivos para a rejeição da possibilidade de fenômenos parapsicológicos. Tais motivos devem ser suficientemente amplos, ou culturais, para que a análise não fique restrita à esfera individual, mas que se estenda aos cientistas enquanto grupo. AAAA ASSSASPoderíamos reconhecer tais motivos a partir da análise do que é considerado possível ou impossível no paradigma científico atual? Caso psi não esteja previsto por esse paradigma, que saídas os parapsicólogos têm para garantir seu espaço na comunidade científica?

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