segunda-feira, 11 de abril de 2011

O Status Científico da Parapsicologia ( 1ª parte )

Este artigo foi escrito por Wellington Zangari.

Este trabalho tem como objetivo discutir a cientificidade da Parapsicologia. 

Esta discussão se faz necessária, sobretudo pelo pouco tratamento do tema no meio acadêmico brasileiro. 

Serão apresentados os argumentos favoráveis e desfavoráveis à aceitação da Parapsicologia enquanto uma ciência, bem como o espaço social científico que tem conquistado desde sua fundação. Não se pretende fazer uma apresentação exaustiva da história dessa disciplina, mas uma história do embate político em torno de sua cientificidade.

O campo de estudo da Parapsicologia: Procurando unicórnios?

Em todas as culturas e em todas as épocas há relatos de pessoas que dizem ter tido sonhos relacionados a eventos futuros. Pessoas que afirmam ter a capacidade de contatar pessoas falecidas. Feiticeiros e curadores que sustentam poder atuar sobre a saúde de pessoas que se encontram a longas distâncias. Outras relatam ter visto, na presença de outras pessoas, objetos levitando ou queimando sem que ninguém lhes ateassem fogo. 
São ainda numerosos os casos de pessoas que dizem poder sair de seus corpos e, então, viajar para lugares distantes onde jamais haviam estado. Sem falar dos casos em que pessoas são vistas levitando a grandes alturas enquanto estão em uma espécie de êxtase religioso. 

Há casos, ainda de animais que, ao se perderem de seus donos em mudanças residenciais, aparecem, após meses, na nova casa da família, há muitas centenas de quilômetros de distância da anterior.

Experiências como as relatadas acima dão conta de processos de interação entre os seres humanos (e quem sabe, entre os animais), e entre os seres humanos (e talvez animais) e o meio ambiente. 
A Psicologia e a Fisiologia prevêem que os organismos interagem entre si e com o meio por intermédio dos sentidos e dos músculos. Assim, enquanto conversamos com uma outra pessoa, podemos ouvi-la e vê-la, e responder às suas perguntas. 
Mas o que dizer de experiências em que essas pessoas estão espacialmente distantes e, ainda assim, comportam-se como se estivessem recebendo flashs de informações umas das outras? Houve apenas uma coincidência? Houve um erro de interpretação? As pessoas envolvidas sofrem de algum tipo de psicopatologia? Ou existe algum tipo de interação que independe dos sentidos ordinários ou da ação muscular conhecida? Não haveria um "sexto sentido", que pudesse explicar tais acontecimentos? Ou nosso conhecimento acerca dos sentidos e da ação muscular é ainda limitado?

A Parapsicologia estuda "interações, tanto sensoriais quanto motoras, que parecem não ser mediadas por qualquer agente ou mecanismo físico conhecido". (Rush, 1986, p. 4) Tradicionalmente, os parapsicólogos dividem os fenômenos parapsicológicos em duas categorias: os extra-sensoriais, ou fenômenos de percepção extra-sensroial, e os extra-motores, ou fenômenos psicocinéticos. 
A percepção extra-sensorial, ou ESP (do inglês, extrasensory perception) é composta por dois tipos de fenômenos de conhecimento: a telepatia, ou ESP cuja fonte é outro ser humano, e a clarividência, ou ESP cuja fonte seria o próprio meio ambiente. 
Telepatia e clarividência poderiam estar relacionadas a eventos do passado (retrocognição), presente, (simulcognição) e futuro (precognição). A psicocinesia, ou PK (do inglês, psychokinesis), ou seja, a ação parapsicológica sobre o meio, poderia se dar no mundo físico diretamente observável (macro-PK) ou sobre o mundo físico microscópico (micro-PK). T
Todos esses fenômenos juntos são chamados de psi, vigésima terceira letra do alfabeto grego, geralmente utilizada como o X em matemática, como a incógnita de uma equação. U
Utiliza-se o termo psi como um termo neutro, sem a pretensão de descrever ou explicar os fenômenos por ele expressos.
A Parapsicologia, portanto, estuda interações aparentemente extra-sensório-motoras, o que é muito diferente de dizer que a Parapsicologia estuda fenômenos paranormais. Isto implicaria que os parapsicólogos assumissem que tais experiências envolveriam, de fato, interações extra-sensório-motoras. A

A utilização do termo "aparentemente" tem como objetivo não oferecer qualquer explicação apriorística. Assim, apenas parecem, seja àquele que o vivenciou ou ao cientista que o investigou, estar fora do reino conhecido pelas ciências em geral. A paranormalidade das experiências citadas é uma das hipóteses a serem investigadas. E a última. Muitas vezes o pesquisador reconhece uma explicação "normal" , isto é, aceita pelo establishment científico, para uma experiência que, para aquele que a viveu, era tida como paranormal. Por exemplo, um dia fui procurado por um senhor que dizia que sua casa estava sendo habitada por fantasmas. Dizia que grandes quantidades de água apareciam misteriosamente em diversos pontos de sua residência e as lâmpadas se queimavam freqüentemente. 
Um rápido exame do local mostrou que, na verdade, as interpretações do consulente estavam equivocadas. A casa era antiga e o encanamento, já apodrecido pelo tempo, fazia minar água por quase toda sua extensão. As lâmpadas se queimavam acima da freqüência habitual não pela ação dos supostos fantasmas, mas porque a flutuação elétrica era excessiva devido à proximidade de sua casa a uma fábrica que consumia grandes e variáveis quantidades de energia elétrica.
 Há, entretanto, casos em que nenhuma explicação dada pelas ciências estabelecidas parece ser suficiente para a sua compreensão. É nesses casos que a hipótese paranormal é levantada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário