domingo, 19 de fevereiro de 2012

Delírios sobre uma conspiração dumal

Do autor do blog Nada Novo Sobre O Sol.

Noite de segunda-feira de carnaval, eu em casa, zapeando na Internet antes de dormir, aí recebo um link, onde alguém faz uma suposta análise dos “símbolos ocultos” num vídeo de música da Lady Gaga. Só pra constar, eu não gosto da música que a Lady Gaga produz, porque prefiro o bom e velho rock. Mas continuando, o texto em questão é uma tradução de uma “análise” feita por um site (adivinha???) americano.

Resumindo, fala-se em nova ordem mundial, ocultismo e conspirações secretas dos Illuminati, para controlar a mente das pessoas e blábláblá. Mas espera aí? Será mesmo que um cristão saudável e equilibrado, deve se deixar levar por esse tipo de “caça às bruxas” de símbolos supostamente ocultistas em músicas, propagandas, filmes e etc?

Como já pude testemunhar por pessoas que conheci, e que se dedicavam a essas bobagens conspiratórias, isso gera doença. Gera pessoas apavoradas, incapazes de ouvir uma simples música como música somente, como expressão artística, incapazes de assistir um filme como entretenimento somente, procurando chifre em cabeça de cavalo, e morrendo de medo de serem manipuladas pela “nova ordem mundial”, enquanto são manipuladas, sem perceber, por quem espalha essas teorias, supostamente para combater os “conspiradores”. Pessoas com medo são mais fáceis de manipular.

No meu ponto de vista, entrar nesse tipo de viagem na maionese, serve apenas para perder o foco (e também para alguns espertos venderem livros e DVDs, e ganharem dinheiro palestrando). O passatempo preferido dos crentes, é procurar assuntos pra se desviarem do foco, que devia ser a busca por imitar Jesus.

Discutir sobre se Adão tinha umbigo é uma forma de sair do foco, e entrar nessas viagens na maionese de teorias conspiratórias, é outra. E em muitos casos, faz muita gente perder a razão, ficar paranoico mesmo, adoecido, escravizado pelo medo. Jesus veio libertar as pessoas, de todo tipo de escravidão, e não gerar crentes doentes paranoicos e amedrontados. Então, por que será que sempre vejo evangélicos divulgando e acreditando piamente nesse tipo de teorias de conspiração?

Você acha mesmo que vou ficar ouvindo músicas ao contrário, pra procurar mensagens supostamente ocultas? Ou ficar procurando símbolos ocultistas em tudo? Pra quê? Alimentar neuroses? Já parou pra pensar que hoje, com a Internet, boa parte das pessoas conhece esses símbolos “ocultos”, mais ainda quem trabalha com publicidade, propaganda e marketing, e talvez os incluam de propósito, só pra você, caçador de bruxas, encontrar? 

Ou apenas porque sabem que o ser humano em geral tem curiosidade a respeito desses assuntos, e vai falar da música, do filme, da propaganda, e ajudar mais ainda na publicidade? Eu nem sabia da existência da música da Lady Gaga que foi analisada, fiquei sabendo porque alguém fez propaganda de graça pra ela, quando se deu ao trabalho de traduzir a tal análise, e porque outro divulgou o link da tal “análise”, numa rede social. Do contrário, eu nem saberia que tal música existe, porque como já falei, não gosto do estilo musical dela. Pra quem essas pessoas estão trabalhando, sem saber? Pro artista, claro, porque tudo que a Lady Gaga quer, é isso, chamar a atenção o máximo possível, chocar as pessoas, ser comentada.

Lembra de Jesus falando que se os teus olhos forem bons, tudo fica iluminado? Se você é do tipo que vê o diabo até em rótulos de coca-cola, e vive apavorado com teorias conspiratórias, é o seu olhar que você precisa limpar, é o seu foco que você precisa corrigir, para que seus olhos fiquem bons, e você saia dessa paranoia e dessa escatologia do medo. 

Cure seus olhos, e busque olhar o mundo como Jesus olhou. Quem busca esse tipo de olhar, olha apenas, sem se envolver, sem se deixar enredar, sem se deixar dominar por esse tipo de medo irracional (como acontece com muitas pessoas), porque a base, está nEle e Ele está acima dessas coisas. Cresça, deixe de ser criança brincando de conspiração.

Já pensou se os primeiros discípulos tivessem se deixado dominar por esse tipo de coisa? Já pensou se eles tivessem perdido tempo com isso, analisando músicas, filmes e o escambau em busca dos sinais “ocultos”, e supostos recados cifrados do diabo, e deixado teorias conspiratórias serem o foco, em vez de Deus? Já pensou se eles tivessem ficado obcecados com esse tipo de assunto, e tivessem feito disso o assunto principal da vida deles?

Eu sei que brincar de teorias de conspiração parece mais divertido e emocionante, do que aquele desafio bem mais difícil, e muitas vezes dolorido, de seguir e imitar Jesus, que é coisa de gente grande. Você que decide se prefere continuar achando que é criança, pra ficar brincando no playground, junto com seus amiguinhos crentes em teorias conspiratórias. Eu estou fora.

Abaixo concluo com trechos de um texto do Ricardo Gondim, tratando sobre esse assunto:

“[...]Existe muita vaidade em se achar perseguido. Percebo alguns evangelistas tomados de um enorme      messianismo, achando-se tão importantes, que acreditam mesmo que o mundo inteiro maquina uma maneira  de destruí-los; são tão auto referenciados que projetam sobre si mesmos o ódio que o diabo revelou contra o apóstolo Pedro.

Acontece que a igreja evangélica vem tropeçando em várias questões éticas; repetindo entre o clero os mesmos erros dos líderes políticos; amando o dinheiro, igualzinho ao mundo. A pergunta inconveniente, mas necessária é: para que o mundo precisaria persegui-la? Os evangélicos são inimigos de si mesmos. Réus e vítimas de suas próprias doenças, não provocam a indignação de ninguém, pelo contrário, são, muitas vezes, dignos de pena.

Para que o mundo odiasse a igreja, ela precisaria de uma moral que não só condenasse o vício do cigarro ou da maconha, mas procedimentos íntegros em outras áreas menos abordadas; de uma teologia que não prometesse apenas o céu, e sim engajamento transformador da miséria, dos preconceitos e das injustiças; de uma espiritualidade que não tentasse usar Deus, mas promovesse intimidade com o Pai.

Antes de ter medo do mundo e do diabo, que mais crentes tenham medo de si mesmos.”

Ricardo Gondim

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