domingo, 2 de dezembro de 2012

Paranormalidade, um Talento sem qualquer mistério (*)



Adaptado de um artigo do IPPP.

 Paranormalidade é um talento, uma aptidão, tanto quanto um talento para escrever, cantar, compor ou jogar futebol, por isso é preciso acabar com aquela aura de "mágico" ou "místico" que cerca o paranormal.

Essa é a conclusão a que chegaram os estudos do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, fundado em l de janeiro de 1973 e que desde 1987, através de convênio com a Secretaria estadual de Educação, presta assistência ao superdotado e paranormal com sua equipe de parapsicólogos dirigida por Valter Rosa Borges.

Em sendo um talento, revela Borges, “Precisa de condições especiais para se manifestar. E, sobretudo quem o possui deve entender todas as suas características para poder dominá-las e, se for o caso, pô-las adequadamente a serviço da sociedade da mesma maneira como, no seu campo específico, faz o psicólogo, o médico ou qualquer outro profissional de saúde.”

Ensinar o paranormal a conviver com a sua paranormalidade para evitar explorações histéricas e distorções é justamente o caminho que esta sendo seguido pelo IPPP nas suas pesquisas com paranormais. Paralelamente, realiza cursos para capacitar parapsicólogos e desempenhar a mesma missão.

“Desse modo”, explica Valter Rosa Borges, “contribuímos para desmistificar a paranormalidade, pois se trata de uma ocorrência no plano físico, nada tendo com fenômenos espíritas”.

ASSIM COMO UMA INSPIRAÇÃO

Na analogia que faz entre paranormalidade e, por exemplo, o talento de um escritor ou de um compositor, Rosa Borges ensina:

“Do mesmo modo que o escritor não tem inspiração para, a qualquer momento, produzir um texto de alta qualidade e só o faz em de­terminadas ocasiões (Balzac, para citar um caso, só conseguia produzir bem vestido num robe de chambre) ou um compositor não faz uma boa música a qualquer hora, o paranormal só se manifesta plenamente sua habilidade em determinados momentos. Daí que ele precisa saber quais esses momentos. E se for necessário, como induzir esses momentos - assim como fazia Balzac vestindo seu robe e muitos compositores esco­lhendo ambientes que os inspiram.”

Por não haver consciência dessa circunstância, afirma o parapsicólogo, é que ocorrem muitas confusões lamentáveis. Constrangido a exibir seus poderes a todo momento, o paranormal nem sempre consegue e isso o perturba porque, em outras ocasiões, ele se manifestam espontaneamente. Freqüentemente confuso na esteira dos êxitos e fracassos inexplicáveis, ele pode se enredar em complicações mais graves por não saber explicar o que se passa.

Rosa Borges cita um exemplo clássico que lhe foi revelado por um famoso pesquisador canadense para ilustrar casos de bloqueio de paranormais:

“Trata-se de Lee Pulos, que realizou algumas experiências com um dos paranormais mais famosos da atualidade, Thomas Green Morton. Ele me contou que, no II Congresso Internacional de Psicotrônica, sua equipe submeteu o paranormal a inúmeros testes por um dia inteiro e não conseguiu qualquer resultado sobre seus poderes. Não aconteceu absolutamente nada que pudesse ser documentado. Então, já oito horas da noite, decidiu encerrar a experiência. Quando o grupo ia se retirando, passou perto de um posto de gasolina, onde estava uma jamanta. Aí, Thomas parou a equipe e, subitamente, disse: é agora! Segundo o relato de Lee, a jamanta ergueu-se no ar alguns centímetros. Deduz-se daí que, estando relaxado e não se sentindo obrigado a acertar, o paranormal pôde realizar seu talento .”  

A NECESSIDADE DO CONTROLE

“É preciso tirar do paranormal aquela auréola do mágico. É preciso fazer com que as pessoas compreendam que aquilo é uma forma de ex­plicitar ações inconscientes”, sustenta o diretor do IPPP.

Para ele. o paranormal, ao ser conscientizado de sua real condição e de suas limitações, deixa de ser cultivado como um místico e não se presta a criar equívocos prejudiciais.

“O paranormal não é alguém especial. Quando ele interpreta sentimentos de pessoas, apenas faz emergir o que estava no inconsciente delas através de um talento que ele possui. É necessário, no entanto, que aprenda a controlar esse talento.”

Há, segundo Valter Rosa Borges, dois tipos básicos de paranormalidade, entre muitos outros: os chamados psi kapa ( PK = psicocinese ) e o psi gama (ESP / PES = Percepção Extra Sensorial ), No segundo, o paranormal tem a condição de observar o inconsciente das pessoas, fazendo com que ele seja explicitado, emerja - é como se fi­zesse um diagnóstico fácil de um ser humano, lendo-o com facilidade, traduzindo a linguagem do incons­ciente.

“E isso é que precisa ser metodizado, para que o paranormal aprenda a exercer o controle sobre esse talento e possa até atuar em parceria com um psicólogo. O ideal é que ele saiba quando e em que condições o fenômeno se manifesta para po­der liberá-lo ou evitá-lo. Nessa situação, estará dominando uma téc­nica para direcionar o fenômeno submetendo-o às suas conveniências”, diz Rosa Borges.

Esse trabalho é o que está desenvolvendo, atualmente, no Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, dei­xando a linha tradicional de sim­plesmente tentar estabelecer a ocorrência de fenômenos parapsíquicos.

O psi kapa exerce seus poderes sobre a matéria à distância. As atenções de Valter Rosa Borges, no entanto, segundo ele mesmo confessa, voltam-se basicamente para as pesquisas em torno do psi gama “por causa de minha formação humanista.”

Na fase atual dos trabalhos, o parapsicólogo acha que é necessário também não violentar os métodos naturais do paranormal. “Quer ele seja um psicômetra ou acredite que é um médium, não importa, desde que saiba interpretar o inconsciente das pessoas e o faça no momento adequado”, diz ele.

O objetivo fundamental é conscientizar tanto o paranormal como as pessoas que o procuram em busca de explicação para seus males. Acredita firmemente Valter Rosa Borges que o paranormal conscientizado e plenamente capaz de controlar os seus poderes é um auxiliar valioso em psicoterapia, se possível trabalhando em certos casos em parceria com psicólogos.

Rotina no lugar do mistério

Não há qualquer atmosfera de mistério numa sala onde são pesquisados fenômenos paranormais. Um consultório médico - digamos de um dentista ou oftalmologista -possui ambiente mais bizarro e exótico. Na recepção, uma jovem e descontraída secretária procura ganhar a corrida contra o relógio datilografando rapidamente fichas, sem deixar de atender o visitante oferecendo a tradicional cadeira para a espera. Quadros nas paredes, fichários - no IPPP existem 2.500 fichas de pessoas que já fizeram cursos ou foram pesquisadas - e livros caixa.

Na área onde são realizadas reuniões, uma mesa comprida lembra mais um local onde diretores de uma pequena empresa costuma reunir-se. Mas é ali onde são realizadas  as  entrevistas. Olhando-se com mais cuidado será possível distinguir num pequeno armário alguns dispositivos. São aparelhos usados para medir intensidade energética - a paranormalidade é, antes de tudo, o uso de bioenergia ou testar a assiduidade de acertos.

Aliás, a propósito dessa questão de acerto e erro, Valter Rosa Borges faz um esclarecimento que pouca gente leva em consideração:

“O paranormal não é infalível, como geralmente se pensa. Tudo depende do momento. Se ele for fazer uma experiência num ambiente desfavorável, com pessoas com quem não possa estabelecer 'rapport' (uma espécie de interação espontânea, uma simpatia à primeira vista) e não se sentir inteiramente relaxada, seu nível de acerto diminuirá. Isso ocorre também com um jogador de futebol ou um artista que não estiver no seu dia”.

A pesquisa parapsicológica exige muita paciência. Muitos fatores devem ser levados em consideração. E outra curiosidade: sua preo­cupação maior é com eventos normais, depurar as fantasias, evitar a confusão entre o linguajar livre do inconsciente e o misticismo. Burocratiza, pois, suas ações tanto quanto possível é rigorosa, metódica, cética e criteriosa.


ENSINO

TREINAMENTO

           O IPPP promove o treinamento de pessoas dotadas de aptidões paranormais, habilitando-as ao exercício adequado e responsável de sua paranormalidade. No próximo mês de agosto estará promovendo o Curso de Treinamento Parapsicológico com vistas a essa finalidade.

PESQUISAS

            Durante os seus 39 anos de existência, o IPPP já investigou diversos casos de manifestações paranormais, notadamente os denominados de "poltergeist". O interesse do parapsicólogo, segundo a orientação do IPPP, não é mais de documentar fenômenos, coletando fatos paranormais, mas preparar um modelo abrangente e de alta eficácia operacional para a explicação da fenomenologia paranormal. O parapsicólogo, em cada caso con­creto, investiga se um determinado evento inusitado é ou não de natureza parapsicológica e, orientando as pessoas direta ou indiretamente afetadas pelo fenômeno a um comportamento adequado perante o mesmo.

SIMPÓSIO

Como acontece todos os anos, desde 1983, o IPPP promoverá, no dia l° de setembro, o seu VIII Simpósio Pernambucano de Parapsicologia.

Cursos Básicos de Parapsicologia I e II. Destinados ao pú­blico em geral. São cursos mera­mente informativos. Curso de Pós-graduação (lato sensu), Especialização em Parapsicologia, com carga horária de 405 horas/aulas, correspondendo a 27 créditos. Destinado a portadores de título universitário, em qualquer área do conhecimento humano. Finalidade: formação de parapsicólogos. O curso teve início em 1988, com a orientação da Delegacia do MEC de Pernambuco e as turmas (este ano é a terceira) são geralmente constituídas de psicólogos, médicos, engenheiros, advogados e pedagogos.

MERCADO DE TRABALHO

           O IPPP já delimitou o mercado de trabalho para o parapsicólogo, determinando as atividades específicas do mesmo, destacando-se, entre elas: a) magistério em cursos de Parapsicologia, ministrados por entidades credenciadas ou de ensino superior; b) orientação, aconselhamento e assistência às pessoas direta ou indiretamente afetadas por manifestações paranormais; c) preparação e aplicação de testes ou ensaios parapsicológicos; d) identificação e/ou treinamento de pessoas dotadas de aptidões paranormais; e) investigação privativa dos fenômenos pa­ranormais, com preparação de laudos técnicos, pareceres e projetos de pesquisa.

(*) Diário de Pernambuco, de 15 de julho de 1990

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