sábado, 26 de junho de 2010

Afinal pra que serve a apologética?

By Tom fernandes.


Sou o famoso chato. Além de procrastinador [nome terrível], sou chato. Sei que a eterna arte de deixar tudo pra última hora só não entrou no hall da fama dos pecados capitais por culpa de alguém procrastinando. Mas não sei de quem é a culpa de minha chatice. Acostume-se, tentei mudar, mas sou chato. Fazer o quê?


Sou chato principalmente sobre as questões de fé. Não sou descolado. Não sou fundamentalista. Você tampouco me terá em cima do muro. Simplesmente porque tenho mais o que fazer do que tentar me equilibrar em cima de muros. Ou não. Mas não gosto de muros, não sou descolado nem fundamentalista. Ateu? Herege? Chato!


Creio em demônios, sim, mas não acredito neles. Nem nos da old school nem nos modernos e modernosos. Creio menos ainda nos seus exorcistas. Vá por mim, a cada dez rituais de exorcismo; em nove, nem Deus nem o capeta se fazem presentes. Mas o negócio funciona como serviço público, é preciso criar cabides de emprego pra tanta gente com medo de dar a cara a tapa por conta própria.


Creio em Deus, sim, e acredito nele. Acredito a ponto de não me preocupar com o que falam dele ou em nome dele. Acredito em Deus por motivações minhas, não por conta de algum interesse ou vantagens resultantes da coisa. Mas não me peça pra ficar uma hora na frente da TV, ouvindo pessoas definindo Deus. Depois o chato sou eu.


Creio que hoje é sempre o oitavo dia, o dia do recomeço. O oitavo dia é sempre meu. Não me importo em saber se Gênesis é literal ou literário, não quero saber de onde veio a semente que deu origem ao mais lendário pé de maçã da história. Importo-me apenas que o oitavo dia é o dia do homem bater perna e correr atrás do que lhe importa. Disso não tenho dúvida.


Quais são as minhas dúvidas? Poucas. Dúvidas de quem tem poucas certezas. De quem é chato porque acha tudo isso muito aborrecido. Acho os extravagantes enfadonhos. Detesto gente babando no chão e se contorcendo por excesso de Coca-cola com açúcar e dizendo que foi o toque de Deus. Aborreço-me facilmente com gente que fala demais sobre o mesmo assunto. Falta de assunto é sinal de qualquer coisa, menos de espiritualidade. Bocejo na cara de quem vem me contar o testemunho de prosperidade que ouviu falar de alguém ou que viu na TV. Tenho a impressão de quem vive o evangelho da prosperidade também se casou apenas pelas vantagens de ter sexo, casa arrumada e alguém obrigado a aturar suas canhestrices.


Até esta coisa de ser descolado me aborrece. De trocar o nome das coisas. De chamar igreja de ‘outra coisa’, de falar que é contra a religião, de chamar Coca-cola de chá-com-gás e continuar tomando quatro litros por dia, mas metendo o malho em quem toma sua coquinha feliz da vida. Toda vez que alguém me chama pra ir a um lugar que ‘não é igreja’, ouvir alguém que ‘não é pastor’ falar algo que ‘não é pregação’, além de contribuir com algo que ‘não é oferta’ e devolver algo que ‘não é dízimo’ pergunto se posso participar daquilo que ‘não é ceia’ tomando um líquido cevado e gelado, mas que ‘não é cerveja’.


Mas tem uma coisa que me transtorna, que me deixa mais chato ainda. Os apologistas. Meu Deus, de onde veio essa gente? Até hoje ninguém me tirou da cabeça que a apologética é uma coisa criada pela concorrência, só pode. Esta semana soltei no meu twitter [cerca de 600 seguidores, metade evangélica]: ‘Pra que serve a apologética?’. Resultado? Vinte unfollows em poucos minutos. Nenhuma resposta. Engraçado, os apologistas não respondem o que são, não gostam que se pergunte o que são e apelam com quem pergunta. Acho que, na verdade, não sabem o que são.


O Aurélio diz que ‘apologia é a arte de defender, justificar, promover’. O que vejo os apologistas evangélicos defendendo é qualquer coisa menos sua fé. Defendem suas crenças, seus usos e costumes [mesmo os apologistas que são contra os usos e costumes tradicionais], seus dogmas, suas visões de céu e inferno, seus projetos políticos e suas visões de mundo.


Sempre achei uma falta de ter o que fazer ficar explicando porque o cristianismo é uma religião melhor que a adoração ao santo abacateiro temporão. Tenho suspiros dignos do Charlie Brown ao ver extravagantes versus neopentecostais versus pentecostais versus reformados versus católicos versus ortodoxos versus todo-mundo. (...). Já viu alguém feliz em seu casamento defendendo o tempo todo as bases de sua escolha e as dez razões irrefutáveis porque se casou com a Aninha e não com a Joaninha?


Quer minha definição? Pois bem, apologética é a arte de falar sobre algo que você não tem a coragem de viver. Talvez seja só chatice minha. Eu sou mesmo um chato. Mas também sou um palhaço sem circo, do tipo que faz pra graça pra todo mundo, mas não pra qualquer um.


NOTA DO PERSEVERANTE:


Tenho muitas coisas em comum com o Tom - ser um "procastinator", além das coisas que constam do segundo ao sexto parágrafo - se tivesse tempo E disposição, escreveria praticamente o mesmo.


Nunca soube o que era apologética até meados de 2003, quando aprendi  a des-gostar da coisa. O motivo: muitos "apologetas" são só crentes old-school que difamam o que quer que considerem prejudicial a seus seus usos / costumes / dogmas / whatever, ainda que não hajam evidencias concretas que estudar "x" ou entreter-se com "y" seja prejudicial. No fim, em tempos como os nossos, isso mais fragiliza que enrobustece a respeitabilidade do cristianismo e dos cristãos.



sexta-feira, 25 de junho de 2010

Ecos do Cristianismo Emergente?

Existem citações da cultura nerd/otaku que quase me fazem cair da cadeira. como esta:


"Prefiro acreditar numa existência superior vivendo a cada dia entre nós, do que confiar na fé ou em predições."


Imediatamente, me vieram a cabeça os "gigantes" do lado de fora do mainstream evangélico, como Ricardo Gondim, Ed Rene Kivitz, Elienai Jr., Paulo Brabo...


Não é a primeira vez que vejo/ ouço algo que lembre o ideário Cristão ( com C ). SÉRIO.  

sexta-feira, 18 de junho de 2010

É mesmo preciso???!!!




Original: Aqui.

Levitação - Nada de Outro Mundo

Cientistas conseguem inverter pela primeira vez o efeito de Casimir, obtendo uma força repulsiva que poderá ter importantes aplicações na nanotecnologia


Atração vira repulsão. O resultado: levitação. Um trio de pesquisadores baseado nos Estados Unidos conseguiu obter, pela primeira vez, uma força quântica repulsiva. A descoberta poderá ser empregada em um grande número de aplicações nanotecnológicas.

O estudo, liderado por Federico Capasso, professor na Escola de Engenharia e Ciência Aplicada na Universidade Harvard, ganhou a capa na edição de 8 de janeiro da revista Nature.

O feito de Capasso e equipe foi demonstrar que um inusitado efeito quântico, conhecido como força (ou efeito) de Casimir, pode se manifestar não apenas de forma atrativa, mas também repulsiva, o que traz importantes implicações para a física.

Em 1948, o físico holandês Hendrik Casimir (1909-2000) previu que duas placas condutoras perfeitas não carregadas eletricamente atrairiam uma a outra no vácuo, por conta das flutuações quânticas no campo eletromagnético no vácuo entre as placas. Desde então, a previsão foi verificada diversas vezes, mas sempre de forma atrativa.

Essa força se torna significativa quando o espaço entre duas superfícies metálicas, como o de dois espelhos um de frente para o outro, é menor do que 100 nanômetros. “[Nesse caso] Quando duas superfícies do mesmo material, como o ouro, são separadas por vácuo, ar ou um fluido, a força resultante é sempre de atração”, disse Capasso.

A força atrativa de Casimir tem sido medida com grande precisão e tem sido aplicada no desenho de dispositivos mecânicos em escala nanométrica. Mas muitas vezes a natureza da força, ou seja, sua atração, tem levado a mais problemas do que soluções.

“Um dos problemas é que os componentes em um dispositivo nanométrico podem acabar grudados de modo irreversível. A necessidade de uma força de Casimir repulsiva deriva do potencial de resolver esse problema e também para fazer com que objetos levitem em fluidos, o que pode encontrar aplicações na nanotecnologia. Propostas para o desenho de metamateriais capazes de produzir tal força repulsiva têm sido feitas, mas sem sucesso”, disse Steve Lamoreaux, do Departamento de Física da Universidade Yale, em comentário sobre a descoberta na mesma edição da revista.

Sem sucesso até agora. Capasso e colegas substituíram uma das superfícies metálicas imersas em um fluido por uma de sílica (dióxido de silício) e verificaram que a força entre elas mudou de atração para repulsão. Para medir esta última, os pesquisadores colocaram uma microesfera coberta de ouro em um cantiléver mecânico imerso em um líquido (bromobenzeno) e mediram seu desvio conforme variavam a distância até a placa de sílica.

“Forças de Casimir repulsivas são de grande interesse, uma vez que podem ser usadas em sensores de força ou de torque ultrassensíveis para levitar um objeto imerso em um fluido em distâncias nanométricas da superfície. Dessa forma, esses objetos se tornam livres para realizar movimentos de rotação ou de translação em relação a outros com o mínimo de fricção estática, pois suas superfícies nunca entram em contato direto”, disse Capasso.

Forças de Casimir atrativas limitam a miniaturização de dispositivos conhecidos como Mems (de Micro Electromechanical Systems), usados nas mais diversas aplicações, como no acionamento de airbags em automóveis. O motivo é que a atração faz com que as partes de um mecanismo se grudem umas às outras, tornando-as inoperantes. Com a repulsão, o mesmo não ocorreria.

Os autores do novo estudo apontam entre as aplicações potenciais da descoberta o desenvolvimento de peças nanométricas baseadas na levitação quântica para situações em que é necessária a fricção estática ultrabaixa entre peças mecânicas micro ou nanométricas. Especificamente, os pesquisadores destacam a fabricação de novos tipos de bússolas, acelerômetros e giroscópios, todos em escala nanométrica.

O artigo Measured long-range repulsive
Casimir-Lifshit forces, de Jeremy Munday, Federico Capasso e
Adrian Parsegian, pode ser lido por assinantes da Nature em www.nature.com
(Agência Fapesp, 8/1)

NOTA do Perseverante:

Com descobertas e experimentos como esse vai cada mais e mais
difícil considerar fenômenos de levitação ( ou auto-psicocinese) em geral como fantasia ou "coisa maléfica"...
Pros interessados em saber mais, a Nature também está disponível na base
 CAPES-Periódicos gratuitamente.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Gerencia de Projetos (Resumito do 1º capi do PMBOK)

O PMBOK Project Management Body Of Knowledge é o livro que resume todo o corpo de conhecimento no tema Gerencia de Projetos. 


O PMBOK também a iniciativa de padronizar os termos usados em Gerencia de Projetos.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Um Desenho Animado Chamado Index

Pra quem não conhece o significado original do termo "Index", aí vai um pouco de cultura wikipédica :


Index Librorum Prohibitorum ou Index Librorvm Prohibithorvm ("Índice dos Livros Proibidos" ou "Lista dos Livros Proibidos" em português) foi uma lista de publicações proibidas pela Igreja Católica, de "livros perniciosos" contendo ainda as regras da igreja católica relativas a livros.


O objetivo do Index Librorum Prohibitorum inicialmente era reagir contra o avanço do protestantismo, sendo criado em 1559 no Concílio de Trento (1545-1563), e ficando sob a administração da Inquisição ou Santo Ofício. Esta lista continha os livros ou de obras que se opusessem a doutrina da Igreja Católica e deste modo tinha o objetivo de prevenir a corrupção dos fiéis.


O índice foi atualizado regularmente até (...) 1948, tendo os livros sido escolhidos pelo Santo Ofício ou pelo Papa. A lista não era simplesmente reativa, os autores eram encorajados a defender os seus trabalhos. Em certos casos eles podiam re-publicar com omissões se pretendessem evitar a interdição. A censura prévia era encorajada.
(...)


Agora, depois da aula-relâmpago de história, vamos ao desenho animado. Trata-se de um anime, que é como é chamada uma produção de animação qualquer no Japão. To Aru Majutsu no Index , o anime, é uma série de 24 capítulos produzida por J.C. Staff.



A história se desenrola na fictícia e científica-mente avançada Gakuen Toshi, ou "Cidade -Academia", onde 70 % dos moradores são estudantes, e praticamente todos desenvolveram uma habilidade "esper", única para cada pessoa. Touma Kamijo, o protagonista, é um desses estudantes-espers.

Porém seu poder parece ser seu problema: permanentemente ativo em sua mão direita, capaz de neutralizar qualquer ataque feito por espers, tal poder - chamado
Imagine Breaker, ou "Quebrador de Ilusões", em tradução livre - afeta até mesmo a sua sorte.
Dia após dia, mais situações desventuradas acontecem com ele até que uma linda garota vestida de freira aparece em sua varanda pedindo que a alimente.

A garota se identifica como Index, que não possui muitas memórias de seu passado. O que ela tem na cabeça, porém, são cópias memorizadas e detalhadas dos 103.000 livros proibidos da biblioteca da igreja. Touma, a princípio, não acredita em nada do que ela fala, mas após certos acontecimentos, ele decide ajudá-la.

Você deve estar se perguntando: por que um crente postaria sobre um anime em seu blog?
Simples. Ele tem um bom número de referências ao cristianismo e à ciência. A começar pelo próprio protagonista. Sim! É quase certeza que Touma foi inspirado, por assim dizer, em Tomé, o personagem bíblico. O próprio nome "Touma" é a aliteração árabe do latim "Tomé" ou "Tomás" - em japonês puro seria "Tomasu"
 (トマス ). Sem falar que o tal Imagine Breaker cai como uma luva (literalmente) para um tipo tido com descrente. E por aí vai.

A kenosis, o amor e a internet

Do lúcido Elienai Cabral Jr.




A internet não é uma mídia. É um espírito, ou se preferir, uma linguagem de época. O que significa não se tratar de mais um instrumento de comunicação, mas de uma compreensão de mundo. De um horizonte doador de sentido, diria meu querido mestre e filósofo, Manfredo Oliveira de Araújo.

Assiste-se ao debate agonizante de outras mídias sobre sua superação diante da expansão irresistível e substitutiva da internet. Ela absorve a radiodifusão, a imprensa, a televisão e a telefonia gulosamente e não apenas impõe a multimídia, como hiperdimensiona a informação no cotidiano. Sabemos e participamos por muitos meios, em tempo real, de diversos eventos e discussões em torno do mundo. E somos apresentados ainda à possibilidade atordoante de interagirmos nos processos de divulgação, debate e construção dos fatos em questão.
Apesar de tudo o que permeia o assunto internet, interessa-me um aspecto em particular, que talvez seja seu conceito central, a internet condenou toda e qualquer idéia a uma linda e libertadora precariedade. Nela o pensamento humano está necessariamente despido de qualquer roupagem metafísica. E entenda metafísica como toda e qualquer construção teórica que reivindique a condição de verdade última, ou de verdade que pretenda legitimar todas as demais verdades. Absoluta, universal, sistemática, racional e permanente. Em total descaso às pretensões metafísicas, no ciberespaço, todo pensamento e informação são relativos, fragmentários e provisórios.
Isto porque somos nervosamente expostos ao turbilhão de idéias e acontecimentos do mundo. A sensação fácil e confortável de outrora de um pensamento bem construído, ou de que uma versão dos fatos bem apresentada era final e, portanto, duradoura foi substituída pela angústia frente à impermanência de toda e qualquer versão. Novas informações, ou versões; novas abordagens, ou revisões; novas doutrinas, ou ressignificações se sucedem freneticamente impedindo a adesão forte e tranqüila dos interlocutores. Os guetos de certeza foram implodidos e os sítios de pensamento, mundanizados.
Qualquer cosmovisão que pense o mundo como um espaço racionalmente organizado; a história, divina ou teleologicamente orientada; a vida humana, anterior e sobrenaturalmente submetida a um sentido; o indivíduo, mágica ou arbitrariamente transformado em uma exceção de segurança; os fatos, sistematicamente encadeados em uma relação linear de causa e efeito; ou toda e qualquer concepção científica, política ou religiosa de uma vida apoiada em fundamentos fortes e duradouros está condenada a ser descoberta como um simulacro da vida.
Acredito que a internet libertou as idéias das farsas do discurso forte. A idéia é por si só volátil e imprecisa. Os pontos de comunicação que nos conectam em uma conversa são liames delicados. A troca de idéias esbarra sempre em nossas distâncias conceituais. Logo, o discurso forte é muito mais um simulacro comunitário, um fingimento coletivo. A internet não teme a volatilidade das idéias, ao contrário, a intensifica e valoriza. Sua força é exatamente o discurso fraco, por isso sempre aberto ao outro.
Como uma doutrina pode resistir à revisão frente a um fato que a surpreende? Como o conceito religioso de um Deus que tudo controla e de uma história cujos fatos, sem exceção, carregam propósitos se sustentam ante o testemunho amplo e escandaloso da injustiça e desigualdade entre os povos, ou ainda, dos acidentes da natureza, como os terremotos? Como as teorias científicas que propõem alguma explicação que decifre os eventos do universo semelhante a quem descobre uma mensagem secreta pode manter-se reverenciada diante do imprevisto e do caos? E tudo isso ao vivo e a cores?
Qualquer discurso que não seja marcado pela modéstia em sua pretensão de alcance, construído sem aberturas conceituais, não consciente de sua provisoriedade e sem um profundo comprometimento com a indisfarsável tarefa humana de construir seu sentido de vida sem muletas metafísicas está fadado a nada dizer que gere interesse e faça sentido à vida humana. A internet pulverizou os discursos que se pretendam finais.
Gosto da percepção de Gianni Vattimo a respeito da secularização e o enfraquecimento do discurso religioso na vida em sociedade. Ele propõe que este seja um fenômeno renovado da kenosis, palavra grega utilizada pelo Apóstolo Paulo, na Bíblia, com o sentido de esvaziamento. É assim que ele se refere à encarnação de Deus em Jesus. Como um processo de esvaziamento divino de suas prerrogativas absolutas, para andar entre nós com o mais radical e legítimo testemunho humano, frágil e suscetível à morte. Da mesma forma, na secularização, a igreja é esvaziada, ou sofre uma nova kenosis, de qualquer pretensão de posse da verdade e legitimadora da vida humana. Sem o discurso forte, resta-lhe o amor como única via de testemunho à pessoa humana. Com o pensamento fraco, resta-lhe ser humanizada através de  gestos de ternura e delicadeza.
É assim que vejo a internet, como um amplo e libertador esvaziamento do discurso. Nela, nossas palavras têm que deixar de servir ao jogo de poder disfarçado na persuasão e se entregar à dinâmica leve e amorosa das relações livres. Desprovidos da obrigação de sermos sistemáticos, coerentes, convincentes e definitivos, poderemos ser mais divertidos, sensíveis, imaginativos e estéticos.
E como Deus em Jesus, ao andar entre nós, preferiu os ambientes dos pecadores, ou poderíamos dizer, dos precários, com suas comidas, bebidas e danças à companhia dos fariseus, ou poderíamos dizer, dos dogmáticos, e seus tensos debates pela perpetuação dos ritos e doutrinas. Nós, na internet, também escolhemos o mundo dos precários, onde a graça não é o que nos torna convictos, mas livres.
Na encarnação, Deus sofre o esvaziamento de sua intocável glória e se humaniza na mais radical tragédia da vida, a morte na cruz. Seu esvaziamento gera um nome de gente que salva de tanto que amou: Jesus.
Na internet, a verdade sofre a divina kenosis. Desconstitui o discurso impassívele poderoso, que se pulveriza na morte da doutrina. Sua kenosisgera um nome que a todos pode salvar, de tanto que nos fragilizou: amor



Ovelha ou massa de manobra?

Texto original por Rô , do Mulheres Sábias.


versão de Gleybson Monteiro

Hoje, a poucos dias de completar um quarto de século de aniversário, e com uma d´cada de caminhada evangélica escutando volta e meia, por entusiasmo da minha avó, o tesmemunho (Ou seria "triste-munho"?) de um certo pastor que delata certas práticas de certa emissora de TV, além das de "muitos" (diz ele) dos nossos ilustrados representantes políticos.

Isso significa que o inimigo está nos oprimindo por meio desses representantes? Acho que não.

Acredito que ao invés da opressão governamental, tão em voga nos chamados "anos de chumbo", que nossos pais e avós sofreram há uns 30 anos, temos hoje uma “auto-opressão”, uma coisa que nos faz ser parte de toda a engranagem opressora.

Que me faz sentir parte de um país corrupto só porque alguém dotado de sabedoria um dia soltou uma dessas por ai: “No nosso país temos políticos corruptos porque nós que os elegemos somos corruptos”. Eu não elegi ninguém, tenho o direito de não escolher – e ainda mais de considerar a “não escolha” uma escolha. Não quero ser parte de nada, quero continuar divagando no meu quintal. Tenho o direito de ligar (ou não- a negação é uma escolha, talvez a mais óbvia) a caixa de surpresas e não escolher nem Roberto Marinho nem Edir Macedo.

Não quero me culpar, ou me auto-oprimir por poder escolher, Me sinto livre de toda essa baboseira. Sei que estou cercado de pequenas ditaduras. Há tempo me dei conta que nossa família é uma mini-ditadura, com regras impostas, com o poder bem delimitado. E ao passar dos dias eu percebo, que até mesmo em minhas poucas diversões eu vejo uma mascarada ditadura, nas músicas que eu ouço, na roupa que uso, nos passeios , nas pessoas, nos olhares. Então me pergunto novamente,“será que a ditadura já se foi?” Nem sei se isso tem algum sentido ou significado maior. Acredito mesmo é que não quero ser incomodado em minha casa, bem na hora da minha surfagem internética. E mais, que não foi a ditadura que permaneceu e sim a massa de manobra,termo pesado né? Não consegui encontrar outro, é isso mesmo.

Enquanto um monte de robôs pensam que decidem o que bem querem na sua existência,fico eu aqui só pensando, todos massa de manobra, dominados por um poder chamado de "opressão religiosa", em que você não manda nem mesmo em sua própria vida, em sua casa , no seu seu dinheiro, na sua vida profissional, pessoas que não se casam sem ter a orientação de seus Gurus, que não trocam de carro, de casa, o que deve vestir ou não, pois há uma "falsa cobertura espiritual" em que faz de nós verdadeiros robôs manipulados, vivemos sim, uma verdadeira ditadura, ela não acabou. Se não podemos ajudar ou dizimar somos amaldiçoados, pois infelizmente vivemos no meio de uma verdadeira máfia, um verdadeiro Cartel em que homens amantes de si monopolizam a liberdade que Cristo nos deu, deixando as ovelhas doentes, sem pespectivas de nada, sem ao menos poder mudar de aprisco, pois se forem, serão chamadas de rebeldes, lembro me bem quando um amigo meu casou e saiu de nossa denominação, só porque a moça era de outra denominação, e só isso bastou para acarretar N problemas para o pobre irmão.

Como se realmente fossemos manipulados a tal ponto de termos que perguntar se podiam ou não mudar de aprisco, temos que ser realmente ovelhas mudas , cegas, surdas "marcadas pelo Sinhô", como um gado marcado, e estamos caminhando para isso ovelhas adoecidas, aleijadas, sem liberdade de escolhas, vivendo em uma completa prisão religiosa imposta por uma ditadura.

Não devemos esquecer que somos a Igreja de Cristo, sal na terra, que devemos sim nos libertar de todo sistema que nos aprisiona, e olharmos diretamente para Cristo e caminharmos para sermos uma Igreja sem rugas sem máculas, ovelhas saudáveis para glória de Deus pai. Que Deus no ajude, paz seja com todos!

Porque as pessoas resistem a mudanças

Do blog do Ariovaldo

Mudanças geram desconforto. Por mais que nosso espírito seja aventureiro e movido por novas emoções, nosso corpo invariavelmente clama por rotinas. E a vida passa a ser considerada agradável (e segura) quando estamos cercados de rotinas.
A vida do cristão obedece a mesma lógica. Ou vivemos confortavelmente em estruturas que exigem um nível controlado de comprometimento, ou preferimos nos arriscar num pioneirismo desenfreado e inconsequente, sem compromisso intenso com ninguém e com nada; como uma busca insana pela adrenalina do novo. Mais uma vez vale a lei da inércia. O parado prefere ficar imóvel. E o que se move recusa-se a parar, pois é conveniente continuar caminhando.
Pouco tem sido discutido na realidade eclesiástica brasileira sobre reforma teológica e, percebo que o assunto não agrada a muitas pessoas. Simplesmente por que independente de sermos pró ou contra o sistema vigente, de algum modo consideramos o modelo estabelecido como CONVENIENTE. Não queremos uma mudança real nas relações. Queremos apenas nos libertar do que existe, sem o compromisso de uma nova proposta.
Curiosamente Jesus fala sobre os fundamentos de sua Igreja, encarregando o apóstolo Pedro de ser uma espécie de guardião de tais fundamentos. Mas nosso foco no estudo do livro de “Atos dos Apóstolos” invariavelmente está nas gambiarras doutrinárias estabelecidas para traduzir verdades eternas à cultura judaica. Mas como somos programados para aceitar o software de 2 mil anos de cristianismo sem questionamentos, preferimos nos dividir em pró e contra o “sistema”. Não queremos algo novo se isto vier a exigir compromisso.
Nossa função enquanto cristãos do século XXI consiste em costurar o passado e viabilizar o futuro. Por que embora não haja nada de novo debaixo do céu, ainda sim torna-se imprescindível a ousadia em romper com a inércia dos fundamentos em que fomos gerados. De modo que a luz do evangelho volte a ofuscar a vida das pessoas que nos cercam. E saberemos que estamos no caminho certo quando encontrarmos homens que abandonarão todas as coisas para nos seguirem. Não por que somos bons, mas por que conhecemos “o caminho”.

Sobre partidas e cultos...

Qualquer espécie de fanatismo é bola fora.