quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Uma definição abrangente de Ciência

Do site em português do The Integral World,

A ciência é a religião de hoje. Se a ciência estabelecer algo, deve ser verdadeiro. Se a ciência não estabelecer algo, não pode ser verdadeiro. É assim que a filosofia moderna a tem.

Mas a ciência abrange toda a realidade? Já que a ciência é baseada no que os sentidos físicos (geralmente com a ajuda dos instrumentos) nos dizem, é sensato depender totalmente desta fonte de conhecimento? Quem já enxergou as emoções ou os pensamentos com o olho físico? Isso é razão suficiente para negar a existência deles? Ou estamos deixando algo escapar?

"Ausência de prova não é prova de ausência", podemos dizer. Acreditar que a ciência abrange TODA a realidade não é algo realmente científico, porque temos que negar outras formas de experiência humana, como nossos sentimentos de identidade mais profundos. Isso é o que podemos chamar de "cientismo".

Veja que a própria ciência não tem rejeitado a crença na alma, nas esferas superiores, nas realidades transcendentais, como muitas pessoas instruídas acreditam. Está na hora de corrigirmos este status extremamente desigual.

Basicamente, a realidade abrange pelo menos três domínios:

1. aquele que podemos ver com nossos sentidos,
2. aquele que podemos ver com nosso "olho interior",
3. aquele que vê, tanto externamente quanto interiormente: o Self. Repare que todos os três podem ser estudados de uma maneira científica! Mas qual é o significado de "científico"?

Wilber argumenta que a ciência de maneira alguma deve implicar em materialismo. Na verdade, ciência envolve três elementos:

1. Seguir uma instrução, injunção ou paradigma
2. Apreender algo sobre esta realidade específica
3. Comparar nossas descobertas com as dos outros.

Esses três "elementos" operam na ciência de uma forma óbvia: um astrônomo (1) olha através de um telescópio, (2) observa uma certa região do universo e (3) discute suas descobertas com colegas astrônomos (e NÃO conosco, meros mortais, um ponto muito importante).

Wilber defende a existência de dois outros tipos de ciência, que seguem o mesmo procedimento formal: A ciência mental ou social (o que os europeus chamam de Geisteswissenschaft) que não observa os objetos físicos, mas os significados mentais, que podem ser encontrados em documentos, estórias, mitos, relatos e livros. O significado de um texto não pode ser visto com o olho físico, mas apenas com o "olho da razão". Seguindo os três fios da ciência, a ciência mental é perfeitamente científica. (Lógico, os objetos mentais não são tão concretos quantos os físicos. Assim, as conclusões da ciência mental não podem equiparar às da física. Mas e daí?).

E há um terceiro tipo de ciência, segundo Wilber. Pois afinal a realidade compreende apenas coisas e pensamentos? E o princípio em nós que vê e pensa? O self que vê e pensa não pode ser visto e não é um pensamento. Mas pode ser abordado experimentalmente, por exemplo, na meditação. Assim, a "ciência espiritual" nasce. A meditação a yoga e a espiritualidade contam como "ciência" porque elas também seguem os três fios: (1) instrução – sentamos numa almofada por horas, (2) observação – percebemos um estado da mente, e (3) confirmação – discutimos nossas descobertas com colegas que também meditam.

Para concluir: Wilber defende três tipos de ciência, já que a realidade é composta de pelo menos três domínios, e todos os três domínios podem ser abordados de uma maneira experimental e, portanto, científica.

Traduzido por Priscila e Moacyr Castellani

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